Projeto Acervo Romeu Sassaki: 60 anos de história das pessoas com deficiência no Brasil

Objetivo

Este projeto visa a guarda, organização, catalogação e digitalização do acervo de documentos selecionados e produzidos por Romeu Sassaki ao longo de sua carreira profissional. A intenção é disponibilizar o acervo para consulta pública de pesquisadores e profissionais do campo das pessoas com deficiência. Atuando de forma ampla nos temas sobre a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade, o acervo compreende esta amplitude com foco nos campos em que teve atuação fundamental no Brasil, como: Emprego apoiado, Educação inclusiva, Acessibilidade, tecnologias assistivas, História e Legislação.

Sobre Romeu Sassaki

Romeu Kazumi Sassaki (1938-2022) dedicou os mais de 60 anos de sua vida profissional aos direitos e inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Ele é carinhosamente considerado por colegas de profissão e por pessoas com deficiência como o Pai da Inclusão no Brasil. Graduado em Serviço Social, contribuiu para a implementação da inclusão em seus diversos aspectos, recebendo o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 2022.

Atuou como consultor, palestrante, tradutor, supervisor, docente em faculdades, escritor de livros e artigos em instituições nacionais importantes. Seu primeiro livro escrito “Inclusão: construindo uma sociedade para todos” é bibliografia essencial em cursos da área. Seu último livro “As 7 dimensões da acessibilidade” também é peça importante na formação de novos profissionais.

Nestes 60 anos de atuação, Romeu Sassaki compilou um extenso acervo de documentos textuais e iconográficos que eram a fonte de suas pesquisas. É comum o relato de seus colegas de pedirem informações históricas para ele, que prontamente consultava sua biblioteca para levar a informação precisa de volta. Este valioso acervo, que é um espelho da história da inclusão das pessoas com deficiência no Brasil, que é objeto deste projeto. Era desejo do Romeu que o acervo não se perdesse, que ele seja uma fonte de pesquisa história para as próximas gerações.

Depoimentos sobre a importância do Acervo

Romeu Sassaki foi o responsável por trazer para o Brasil a metodologia do Emprego Apoiado. Durante mais de 30 anos organizou encontros, cursos e palestras, traduziu e produziu textos e participou de todos os momentos – entre eles a criação da Anea e contribuições para a elaboração de leis – que foram fundamentais para disseminar e fortalecer o Emprego Apoiado. Toda essa trajetória está registrada minuciosamente no seu acervo. Preservar essa história é fundamental para continuar nossa luta pelo Emprego Apoiado e ter a nossa disposição conteúdos que possamos utilizar para aprofundar nosso conhecimento sobre a metodologia. Saber de onde viemos é o que vai nos guiar para onde queremos chegar.

Alexandre Betti
Consultor em emprego apoiado
Conselho consultivo da ANEA – Associação Nacional do Emprego Apoiado

Quando, na década de 50, Henry Viscardi recebeu um par de prótese de pernas confeccionadas artesanalmente em madeira, o efeito foi puramente na autoestima. Empoderado, fundou a Habilities.inc, composta integralmente por pessoas com deficiência. Rapidamente conquistou o mercado, o êxito da iniciativa tem alicerce nas soluções oferecidas para que os trabalhadores com deficiência desempenhassem as tarefas. O caso explicita a essência conceitual: a Tecnologia Assistiva é imperativa na autonomia e independência para que pessoas com deficiência exerçam as atividades de vida diária que possibilitam o exercício da cidadania dentro da visão do Movimento de Vida Independente.
O acervo do Romeu Sassaki possui toda a pesquisa que ele fez de acessibilidade e tecnologias assistivas ao longo dos anos, problemas e soluções locais e também soluções que eram novas ao Brasil, registradas em suas viagens internacionais a trabalho e estudo.

Marco Antônio Pellegrini
Especialista em políticas públicas para pessoas com deficiência

Composição do Acervo

Esta é uma descrição inicial do acervo. O projeto deverá gerar a catalogação completa dos itens. Não foi feita uma contagem destes itens. O volume total do acervo físico é equivalente a cerca de dez estantes de metal do tipo de escritório. Existe também uma grande quantidade de arquivos digitais relacionados.

Em termos de tipos de documentos textuais, é constituído principalmente de obras em português, inglês, espanhol e japonês. Sendo:

  • Livros (temas e autores diversos);
  • Apostilas de cursos, palestras, encontros;
  • Atas de reuniões (ou criações) de organizações para pessoas com deficiência;
  • Registros de eventos históricos;
  • Periódicos integrais e recortes selecionados;
  • Materiais pedagógicos de cursos em que participou como aluno ou docente;
  • Manuais de procedimentos de indústrias;
  • Diversos artigos escritos por Romeu e por outros autores;
  • Dicionários e referências.

Sobre o tema dos documentos, reproduzirei aqui parcialmente uma lista de temas feita pelo Romeu e encontrada em seus arquivos de trabalho:

  • Acessibilidade nas 7 dimensões;
  • Adaptações Razoáveis;
  • Administração e gestão organizacionais;
  • Autonomia, independência, empoderamento;
  • Deficiência (impedimento, incapacidade);
  • Deficiência (modelo, paradigma);
  • Doenças em geral;
  • Educação em geral (sem especificar alunos com deficiência e/ou etnias, raças, gêneros, etc.);
  • Edução Inclusiva (especificam alunos com deficiência e/ou etnias, raças, gêneros, etc.);
  • Emprego tradicional (especificam trabalhadores com deficiência na abordagem tradicional (treinar primeiro e colocar depois);
  • Emprego apoiado (especificam trabalhadores com deficiência na abordagem de exclusão zero (com apoios, colocar primeiro e treinar depois);
  • Inclusão Laboral (tratam de trabalhadores com deficiência pelo paradigma da inclusão)
  • Inteligências (cérebro, mente, habilidades);
  • Lazer e turismo (tratam de usuários e funcionários com deficiência pelo paradigma da inclusão);
  • Legislação e normas;
  • Línguas de sinais pelo mundo;
  • Movimentos de PcD;
  • PcD em literatura (PcD como autores ou como temas);
  • PcD e familiares;
  • Preconceito e discriminação;
  • Reabilitação e saúde físicas;
  • Reabilitação profissional;
  • Resiliência e vida independente;
  • Sistema de cotas;
  • Sistemas de trabalho protegido;
  • Tecnologias (assistiva, da informação, e da informação e comunicação);
  • Terminologias e ortografias;
  • Transportes;
  • Transtorno mental (tratam de todas as doenças que atingem a saúde mental);
  • Treinamento de profissionais.

Além de documentos textuais, o acervo abriga um conjunto iconográfico e de audiovisual, como:

  • Fotografias (negativos, positivos em papel, positivos em transparência e arquivos digitais);
  • Áudio e vídeos em formato magnético e digital.

Os temas observados inicialmente são:

  • Décadas de encontros e eventos para PcD registrado em fotos, com participantes e atividades;
  • Registros fotográficos de viagens ao exterior para aprimoramento, com anotações visuais de problemas e soluções encontradas no exterior;
  • Registro em áudio de aulas, atendimentos, entrevistas, reuniões;
  • Registro em vídeo de palestras, vídeo-aulas, atividades, documentários.

Estado atual do acervo e ações necessárias

Os documentos físicos textuais estão acondicionados em um pequeno depósito (de 7,5 m2) em São Paulo. O espaço é suficiente para acomodar os itens, mas não há espaço para se fazer a organização do material. A maioria dos documentos não encadernados estão acondicionados em “caixa arquivo”. As originais de papelão estão sendo substituídas por de plástico corrugado.

Por serem de papel, estão em diversas condições de conservação, alguns documentos bem amarelados e outros em bom estado. De qualquer forma, o depósito não tem o ambiente ideal para guarda de papel por longo período de tempo, sendo urgente deslocar o acervo para um local com ambiente apropriado. Será necessária uma higienização dos documentos e uma renovação das caixas e pastas de guarda.

O material iconográfico e audiovisual estão em outro local de São Paulo, com o ambiente um pouco mais estável para a sua guarda (mas ainda não ideal). As fotografias em papel estão em bom estado de conservação. Já os negativos e positivos em película apresentam deterioração característica pelo tempo e necessitam de urgente digitalização.

Registros magnéticos também exigem uma imediata digitalização.

Plano de ação

Para o acervo ser disponibilizado para consulta, seja em local particular ou em instituição pública, será necessária uma etapa transitória de organização. A proposta deste projeto é viabilizar esta etapa com um plano de trabalho que pode ser dimensionado de acordo com o financiamento disponível. Uma primeira estimativa, é que leve três anos para esta etapa, a contar da disponibilização de recursos suficientes para seu início. A seguir, as ações para esta etapa:

Deslocamento do acervo para um local maior

É preciso transportar o acervo físico para um local maior para que seja possível a manipulação confortável e segura dos documentos. Idealmente, uma casa térrea de pelo menos 50 m2 em local de fácil acesso em São Paulo. Um local maior permitirá também que pesquisadores participem da catalogação. É importante que o custo de aluguel do espaço seja coberto pelo financiamento do projeto. Ou, caso seja possível, que o local seja emprestado pelo período do projeto, com custo reduzido ou nenhum custo.

Acondicionamento e higienização

Todos os itens precisarão passar por inspeção visual do estado de conservação. Alguns precisarão passar por procedimentos específicos de higienização ou restauração por profissional competente.

Os materiais fotográficos e audiovisuais adicionam uma complexidade maior devido a deterioração característica.

Será necessária a compra de materiais adequados para guarda, como pastas e caixas.

Catalogação e digitalização

A catalogação dos itens terá que ser feita por profissionais de biblioteconomia e também por profissionais das áreas de conhecimento sobre as pessoas com deficiência.

Durante a catalogação, deverão ser identificados documentos que necessitem ser digitalizados primeiro (por valor do conteúdo ou estado de conservação), documentos que devam ser digitalizados em um segundo momento e os que não precisam ser digitalizados.

A digitalização dos documentos poderá ser feita no próprio local do acervo. A digitalização de fotografias e audiovisuais talvez precise ser feita em outro local.

Pesquisa e palestras

Durante a catalogação, se houver interesse, serão chamados pesquisadores para contribuir com a organização pesquisando o conteúdo do acervo sobre algum tema. A pesquisa poderá ser apresentada em um dia de palestras sobre o conteúdo do acervo de temas sobre as pessoas com deficiência. Desta forma, o acervo já seria útil mesmo nesta etapa de catalogação. Idealmente, haverá uma ajuda de custo para os pesquisadores irem ao acervo.

Custos, financiamento e doações

Este projeto é para início imediato. Acredito que haverá pessoas que ajudarão voluntariamente (como já acontece) mas poder pagar pelos serviços é o melhor cenário.

Não há ainda um orçamento feito de cada ação necessária descrita, mas o valor mensal de R$ 2.000,00 será o mínimo para o início. Porém, R$ 5.000,00 mensais seria o ideal para a locação do espaço, serviços de água, luz e internet, compra de materiais e um mínimo de ajuda de custo para voluntários em participar.

A ajuda com custos pode ser feita:

Diretamente

Em contato comigo, Roger Sassaki.

Ou através de Pix: contato@sociedadeinclusiva.com.br

Através do site de financiamento coletivo Apoia-se.

O site faz com que o apoiador seja cobrado mensalmente pelo valor escolhido. Porém o site retém uma porcentagem do valor.

Link: https://apoia.se/romeusassaki

Contato

Para participar e contribuir com este projeto, seja com ajuda financeira, trabalho ou idéias, por favor entre em contato diretamente comigo, pelos canais:

E-mail: contato@sociedadeinclusiva.com.br

Muito obrigado,

Roger Hama Sassaki
(Filho de Romeu Sassaki)

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